quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Mesa posta. Boas Festas

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quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Livros

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domingo, 20 de dezembro de 2009

Tigre Tigre, brilho em brasa

O Tigre

Tigre Tigre, brilho em brasa,
Que a floresta à noite abrasa:
Que olho eterno ou mão podia,
Traçar-te a fera simetria?
Em que longe lerna ou céus,
Arde o fogo de olhos teus?
Em que asas ousa ele ir?
Que mão ousa o fogo asir?
E qual ombro, & qual arte,
Pode os tendões do cor vergar-te?
Quando a bater teu cor se pôs,
Que atroz mão? que pé atroz?
Qual martelo? qual o grilho,
Foi teu cér'bro em que fornilho?
Que bigorna? que atra garra,
Teu mortal terror amarra!
Quando estrelas dardejaram
E com seu pranto os céus molharam:
Sorriu vendo o feito o obreiro?
Quem fez a ti fez o Cordeiro?
Tigre Tigre brilho em brasa,
Que a floresta à noite abrasa:
Que olho eterno ou mão podia,
Ousar-te a fera simetria?
William Blake, Canções de Inocência e de Experiência
Tradução de Jorge Vaz de Carvalho, Assírio & Alvim, 2009, pp. 88-89.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Chegou sem ser esperado...

«Chegou sem ser esperado, veio sem ter sido concebido. Só a mãe sabia que era filho de um anúncio do sémen que existe na voz de um anjo. Tinha acontecido a outras mulheres hebreias, a Sara por exemplo.
Só as mulheres, as mães, sabem o que é o verbo esperar. O género masculino não tem constância nem corpo para hospedar esperas. Sinto de novo a agravante de ignorar fisicamente a voz do verbo esperar. Não por impaciência, mas por falta de capacidade: nem mesmo durante as febres de malária me acontecia recorrer ao repertório das fantasias de me curar, de estar à espera de.»
Erri De Luca, Caroço de Azeitona, Assírio & Alvim, 2009, p.13.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

«Riscos são da Liberdade»

«É-me mais fácil dizer por escrito como me aproximei do continente que é O Sangue por um Fio. Por escrito sou mais exacta, mais precisa no que quero dizer. E neste pequeno grande livro, muitas coisas são ditas com uma exactidão e precisão de lâmina. Não posso, por isso, falar aos tropeções de uma matéria tão sensível. Uma advertência: não farei o que seria natural a uma admiradora antiga do Sérgio Godinho, que sou. Não farei uma incursão no universo das canções, não farei aproximações, não direi: isto também está nas letras de canções nas quais nos revemos, se revê o país, se reconhece um tempo. As letras que irão constar como "sentimento de uma nação" quando se falar do que é e sente um tempo e um povo.»


Texto de Anabela Mota Ribeiro que pode continuar a ler n'A Phala.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

«Os Passos em Volta», de novo nas livrarias

«Era uma vez um pintor que tinha um aquário com um peixe vermelho. Vivia o peixe tranquilamente acompanhado pela sua cor vermelha até que principiou a tornar-se negro a partir de dentro, um nó preto atrás da cor encarnada. O nó desenvolvia-se alastrando e tomando conta de todo o peixe. Por fora do aquário o pintor assistia surpreendido ao aparecimento do novo peixe.»

Herberto Helder, Os Passos em Volta, 2009 (1oª. edição, encadernada)

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Lançamento de «Evocação de Sophia»

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O Centro Nacional de Cultura e a Assírio & Alvim convidam-no/a para o lançamento do livro:

Evocação de Sophia, de Alberto Vaz da Silva,

com prefácio de Maria Velho da Costa e posfácio de José Tolentino Mendonça, que terá lugar no Centro Nacional de Cultura* no dia 16 de Dezembro, quarta-feira, às 18h30. Apresentam o livro
Guilherme d'Oliveira Martins e Maria Sousa Tavares.


* Centro Nacional de Cultura, Galeria Fernando Pessoa, Largo do Picadeiro, 10-1.º (porta ao lado do Café No Chiado)

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Lançamento do livro «Cataplana Experience»



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domingo, 13 de dezembro de 2009

«Vamos andando» e «Depois se verá»

«CURIOSAS FIGURAÇÕES
Um bom indício do modo como nos relacionamos com Portugal são as nossas autofigurações, as feitas e as por fazer. Quanto às feitas, reparemos em duas, uma popular e outra erudita.
A popular é certamente o Zé Povinho. Desde que Bordalo a pintou, foi constantemente reproduzida e encontramo-la em todo o lado. Mas que significa ao certo? Ignorância ou esperteza? De tudo um pouco, como se tem dito e escrito, em análises rápidas ou de maior fôlego. Mas é exactamente nessa indefinição que ela pode servir para caracterizar a relação que mantemos connosco próprios, ou com o país no seu todo. Coexistimos uns com os outros - e, cada vez mais, com os estrangeiros - em subalternidade e atraso ou em esperteza, razoável desconfiança e quase "retranca" galega?
A erudita encontra-se nos painéis de Nuno Gonçalves. Quando foram, também eles, "descobertos", logo atraíram como um íman uma atenção crescente e vivaz. Passou um século e continuam a olhar-nos, com aquelas dezenas de olhos que nos perscrutam e avisam, não sabemos bem de quê. Nunca uma obra de arte nos interrogou tanto, motivando sucessivas interpretações, tanto dela como nossas. Interpretações, aliás, que aparecem quase como urgentes, para decifrarem finalmente um enigma que é existencial e de nós todos. Como se Portugal se depreendesse dali, como "mensagem", para falar segundo Pessoa, ou como "navegação", para falar segundo Sophia...
Mais enigmaticamente - ou sintomaticamente - há autofigurações não feitas. Escolho uma, por de mais eloquente: estátua que nunca se colocou no pedestal do alto do Parque Eduardo VII. Fosse ou não para Nun'Álvares/Santo Condestável, tratar-se-ia sempre de um "umbigo de Portugal", quase como o de Delfos fora o do mundo. Detecta-se uma polémica em torno daquele lugar vazio, daquele pedestal agora desfeito. Como se já não tivéssemos figuração possível. Como se a relação com Portugal já não lhe encontrasse rosto.
Aqui chegámos, finalmente. Mais como interrogação do que como certeza. Vamos andando, apesar de tudo. E, muito à portuguesa, "depois se verá". O que também é já um grande saber de experiência feito.»
Manuel Clemente, Portugal e os Portugueses, Assírio & Alvim, 2008, pp.16-17.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Prémio Pessoa para Manuel Clemente


Manuel Clemente é o vencedor do Prémio Pessoa. «Em tempos difíceis como os que vivemos actualmente, D. Manuel Clemente [bispo do Porto] é uma referência ética para a sociedade portuguesa no seu todo», afirmou o júri.

Nasceu em Torres Vedras a 16 de Julho de 1948. É licenciado em História e Teologia e doutorado em Teologia Histórica. Em 1975 começou a leccionar na Universidade Católica Portuguesa, tornando-se depois director do Centro de Estudos de História Religiosa dessa instituição.
Em Junho de 1979 foi ordenado presbítero; vinte anos depois, em Novembro de 1999, foi nomeado Bispo Auxiliar de Lisboa, com o título de Pinhel, e em de Janeiro de 2000, ordenado na Igreja de Santa Maria de Belém (Jerónimos). Em 2007, o Vaticano nomeou-o Bispo do Porto.
Publicou, entre outras, as obras Nas origens do apostulado contemporâneo em Portugal. A Sociedade Católica (1843-1853) [UCP, 1993], Igreja e Sociedade Portuguesa do Liberalismo à Republica [Grifo, 2002] e História e Religião em Torres Vedras [Grifo, 2004].
Na Assírio & Alvim publicou Portugal e os Portugueses (2008) e 1810-1910-2010 - Datas e Desafios (2009).
«É habitual insistir-se na nossa infinita capacidade de adaptação, seja aonde for. Pergunto-me se não se trata antes do contrário. Se não devíamos falar até da impossibilidade de deixarmos de ser quem somos, tal a densidade interior que acumulámos. Não temos de nos adaptar por aí além, porque já temos dentro e acumulados os infinitos aléns que nos formaram. Aqui, neste recanto ocidental do continente, sedimentaram-se, milénio após milénio, os variados povos que, do Norte de África ou do Leste da Europa, tiveram forçosamente de parar numa praia que só no século XV se transformou em cais de embarque. Aqui chegaram outros, que depois vieram e continuam a vir das mais diversas procedências. Tanta gente em tão pouco espaço só pode espraiar-se numa geografia universal. Assim foi e assim é.»
[excerto do primeiro capítulo]

Em 1810 foi a 3.ª Invasão Francesa, derradeiro episódio duma guerra que pôs fim a muito do que Portugal fora até aí. Em 1910, a República, enquanto mudança de regime. Em 2010, confrontamo-nos com outros desafios. No entanto, a sua consideração religiosa e cultural é necessária. O presente volume junta uma parte do significativo avulso ensaístico do autor. A organização, da responsabilidade dos editores, expressa a hipótese seguinte: o texto inicial, que se destaca do conjunto por características talvez mais próximas da proposição, funciona como tese; os restantes ensaios ligam, adensam e debatem, com conhecimento e paixão invulgares, quanto ali é sugerido.

Dias Úteis, de Catarina Botelho / Amanhã no Chiado

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Amanhã, sábado, dia 12 de Dezembro, pelas 18h00. Lançamento do catálogo Dias Úteis de Catarina Botelho. Em paralelo com o lançamento do catálogo haverá uma projecção do vídeo de Renata Sancho e Catarina Botelho com o registo da exposição.

Na loja temporária da Assírio & Alvim ao Chiado (pátio do quarteirão do edifício da Nespresso, com entrada pela R. Garrett, 10 ou R. do Carmo, 29).

Edição Assírio e Alvim. Mecenas Fundação EDP. Apoio do vinho Vale d’Algares.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Poemas de Sérgio Godinho ao vivo

É hoje, às 18h30, no El Corte Inglés (Restaurante, Piso 7), em Lisboa. Apresentação de Anabela Mota Ribeiro. Leitura de poemas por Jorge Silva Melo e por Sérgio Godinho.
Obras de Sérgio Godinho na Assírio & Alvim: O Pequeno Livro do Medos [2000] (ilustrações de Sérgio Godinho), 55 Canções de Sérgio Godinho - Partituras, letras, cifras [2007], O Sangue Por Um Fio - Poemas [2009] (desenhos de Tiago Manuel). Sobre Sérgio Godinho: Retrovisor - Uma biografia musical de Sérgio Godinho [2006], de Nuno Galopim.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Encontro com... António Osório



«09 Dezembro 17h30 Auditório BNP Entrada livre

Dando continuidade ao programa Encontro com…, organizado conjuntamente pela Biblioteca Nacional de Portugal e pela Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas, a edição do quarto trimestre centra-se na personalidade e na obra de António Osório. A sessão conta com a presença do Escritor, as intervenções de Ana Marques Gastão e de Fernando Pinto do Amaral e a leitura de textos pelo actor Luis Lucas.

Nascido em Setúbal em 1933, o Escritor António Osório advoga em Lisboa. Bastonário da Ordem dos Advogados entre 1984 e 1986, administrou a Comissão Portuguesa da Fundação Europeia da Cultura e presidiu à Associação Portuguesa para o Direito do Ambiente. Foi director da revista Foro das Letras, da Associação Portuguesa de Escritores Juristas. Está publicado no Brasil e traduzido em inglês, francês, italiano, espanhol e catalão. Tem participado em recitais de poesia no país e no estrangeiro.

Desde 1954 colaborador de Anteu/Cadernos de Cultura, só em 1972 António Osório fez a sua estreia poética com A Raiz Afectuosa. Alinhada com a inspiração antiga (à semelhança de Sophia de Mello Breyner, de David Mourão-Ferreira ou de Ramos Rosa, também eles iluminados pela ascética claridade de Dante) já então a sua lírica se destacava da modernidade formalista que animou alguma poesia portuguesa das décadas de sessenta e setenta, vindo a desenhar, nas palavras de Eduardo Lourenço, “uma das nossas constelações poéticas mais inequivocamente originais”, “um canto enraizado no ritmo imemorial do coração” indutor da amorosa auscultação da realidade quotidiana e do “ser das coisas” que fidelizam a consciência de si.

Tendencialmente aforística a escrita deste autor lírico é discipular dos ritmos do hai-ku, da inscrição poética e do poema em prosa.

Principais publicações monográficas:

A Raiz Afectuosa, 1972; A Mitologia Fadista, ensaio 1974; A Ignorância da Morte, 1978; O Lugar do Amor, 1981; Décima Aurora, 1982 (Prémio Município de Lisboa, 1983); Adão, Eva e o Mais, 1983 (Prémio Município de Lisboa); António Osório por Eduardo Lourenço, antologia, 1984; Aforismos Mágicos, 1985; Planetário e Zoo dos Homens, 1990 (Prémio do Pen Club Português, 1991); Ofício dos Touros, 1991; Antologia Poética, 1994; Crónica da Fortuna, 1997; Bestiário, 1997; Aforismos Mágicos. D. Quixote e os Touros (reúne Aforismos Mágicos e Ofício dos Touros), 1998; Barca do Mundo I (reúne A Raiz Afectuosa e A Ignorância da Morte, 1999; Obra Poética II (reúne O Lugar do Amor e Décima Aurora), 2001; Casa das Sementes, 2006.»

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Sérgio Godinho - Poemas



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segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Tom Waits


Thomas Alan Waits nasceu a 7 de Dezembro de 1949, em Ponoma, pequena cidade na Califórnia do Sul. De ascendência escocesa, irlandesa e norueguesa, os pais, professores, eram admiradores de Gershwin, Cole Porter, Sinatra e Louis Armstrong e fervorosos leitores de boas histórias. Na adolescência ouvia os acordes de Bob Dylan na rádio e aprendeu a tocar piano e guitarra.
Waits descobre e aventura-se pelas obras de Jack Kerouac, Gregory Corso, Allen Ginsberg e outros cronistas da Geração Beat, com os quais se identifica muito e que constituíram as suas referências literárias.
Através de Herb Cohen entra no mundo da música e edita o seu primeiro álbum, Closing Time (1972), e o segundo, The Heart of Saturday Night, desde logo muito bem recebidos pela crítica, pelos seus originais jogos linguísticos, sons de swing e de jazz. As suas canções ilustram os sonhos dos marginalizados na cidade grande, ambientes urbanos decadentes de prostitutas, bêbedos e moças provincianas acabadas de chegar. Tudo isto se encaixa numa voz rouca de nicotina e álcool e um estilo musical que vai do jazz à polka, passando pelo folk.
Trabalhou com Francis Ford Coppola no filme Do Fundo do Coração e, em 1980, casou com Kathleen Breenann. Foi também compositor de muitas bandas sonoras para filmes como A Última Caminhada ou O Fim da Violência.
A voz rouca única, a atitude marginal singular, a poesia das letras do quotidiano e as composições inovadoras tornaram-no uma referência musical.


Nocturnos é título do livro de Tom Waits, magistralmente organizado por João Lisboa, que traduziu as letras e algumas das mais marcantes entrevistas deste brilhante nova-iorquino de voz rouca.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Lançamento do livro de William Blake


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Jazz

“O Villas-Boas era o jazz em Portugal. Tudo o que existe hoje foi ele que fez. Se não fosse ele, ainda estaríamos na pré-história do jazz.”
Bernardo Moreira (presidente do Hot Club)

“Foi uma pessoa que sempre me acompanhou e tinha um carisma especial e uma vontade de estar com os músicos e partilhar connosco as suas aventuras. Foi um pioneiro do jazz em Portugal. Uma força da natureza a contar histórias. Isso aproximou-me muito do mundo do jazz, numa altura em que eu tinha 16, 17, 18 anos.”
Bernardo Sassetti (pianista e compositor)

“Trabalhei com ele durante 15 anos, entre 1974 e 1988, no Cascais Jazz. Conheci-o na década de 1950, através do Gérard Castello-Lopes, um dos fundadores do Hot Clube. Foi ele que trouxe o jazz para Portugal. Foi ele que fez o primeiro programa de rádio sobre jazz, com o Artur Agostinho.”
Duarte Mendonça (produtor e promotor de jazz)

“Luís Villas-Boas era a pessoa mais importante do jazz em Portugal. Tinha um grande amor por aquela música, sem intuitos lucrativos. A mim ajudou-me com o seu entusiasmo e sempre me tratou muito bem. Acreditou em mim e deu-me trabalho, e assim pude dedicar-me inteiramente à música que eu amava.”
Maria João

“Foi o mais importante impulsionador do jazz em Portugal, numa época em que era muito mais difícil fazê-lo. Eu era pequeno e ainda não pensava em ser músico, já ele se dedicava ao jazz de forma desinteressada e apaixonada. O Cascais Jazz ficará para a história da música em Portugal como o único pulmão de uma música que era quase um sinal de liberdade.”
Mário Laginha
O Jazz Segundo Villas-Boas, de João Moreira dos Santos, Assírio & Alvim, 2007
Este é o fim-de-semana do regresso do Cascais Jazz. Bom fim-de-semana!

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Grande Prémio APE de Crónica atribuído a A.B. Kotter

Será hoje, pelas 18h00, a cerimónia de entrega do «Grande Prémio de Crónica APE / Câmara Municipal de Sintra».

O volume Bilhetes de Colares 1982-1998, de A. B. Kotter, pseudónimo de José Cutileiro, venceu este prémio por unanimidade, tendo o júri sido composto por Ernesto Rodrigues, José Manuel de Vasconcelos e Maria Augusta Silva.

A cerimónia de entrega do prémio decorrerá na Biblioteca Municipal de Sintra*, na Sala Vergílio Ferreira, a partir das 18h00.

* Rua Gomes de Amorim, 12; Sintra.

Ainda no Porto






Este livro surge como resultado da exposição Vicente, com pinturas de Ilda David’, inaugurada a 20 de Novembro de 2009, no Salão Nobre do Teatro Nacional São João (Porto), por sua vez concebida no âmbito da produção de Breve Sumário da História de Deus, estreada no mesmo dia.

«Não há dúvida de que o Breve Sumário da História de Deos cumpre o programa anunciado pelo Anjo, funcionando como “suma” ilustrativa da doutrina cristã sobre a História de Deus e do Homem.
Mas visto num âmbito mais geral, este auto acaba por servir também de base de sustentação a todo um ideário sobre o qual se constrói o Livro das Obras. Lendo a obra de Gil Vicente, no seu conjunto, apercebemo-nos, de facto, de que é este Homem originariamente tentado por Satanás que se mexe nas peças de Gil Vicente: é ele, afinal, quem veste as roupas do farsante enganado ou enganador, do pecador contumaz e alienado, à beira de entrar no batel do inferno; ao longo dos autos vicentinos, também encontramos os sucedâneos de Abel e de Job, os (pouco numerosos) seguidores de Cristo que rejeitam as glórias do Mundo e são acolhidos na barca do Paraíso. É afinal nestas faces e contra-faces da conduta humana que assenta a condição moralizante do teatro vicentino, fazendo dele uma espécie de Pregação. E embora se saiba que essa Pregação pretendeu intervir essencialmente no seu próprio tempo, não pode ignorar-se que nela estão contidas potencialidades estéticas e ideológicas que largamente excedem os seus limites.»
José Augusto Cardoso Bernardes, in «Posfácio»
Mais informações sobre o Auto e a Exposição AQUI.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Lançamento no Porto


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sexta-feira, 27 de novembro de 2009

BLACKPOT

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Mário Cesariny § 9/8/1923 — 26/11/2006

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Obra Completa de Dennis McShade

Com a recente edição do inédito Blackpot, está finalmente disponível nas livrarias a Obra Competa de Dennis McShade [Dinis Machado]
«Pode-se vomitar tudo menos o medo e a solidão. Esta frase idiota fora-lhe dita, uma vez, por um médico que morrera atropelado por um camião. Continuou a olhar para o espelho e tentou sorrir da ideia. Mas não sorriu.» [Blackpot]

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Maria Gabriela Llansol § 24-11-1931 / 03-03-2008

24

A narradora olha o tempo que está caindo às
Águas em fragmentos. Cada presença recordante
Oscila nelas a caminho. Seu sonho é uma escrita
Nomeante que adiante. «Nada de seguro», se assim
Quiser chamar-se o Tempo. Se tivesse sido ela a
Redigir o Génesis, em vez dos padres de Jerusalém,
Teria prestado a Iavé um outro impulso para a
Criação. «E Iavé disse ao homem: “Tirei-te do barro.
Dotei-te de escrita abundante e de palavra rara.”»










segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Herberto, os índios Guaranis, a literatura e o cinema


–Instruções–
(Guaranis)


«Quando está prestes a nascer uma criatura que alegrará
quem ostenta a insígnia da masculinidade,
o emblema da feminilidade,
envia à terra uma palavra-alma para nela encarnar»,
disse o Pai Primeiro
aos pais verdadeiros das palavras-almas dos filhos.
«Então à boa palavra-alma que enviares à terra, para nela encarnar,
dirás:
enfrenta com muita força a morada terrestre;
mesmo que todas as coisas se ergam contra ti,
enfrenta-as com muita força.
Guarda-me no teu coração.
Farei com que a minha palavra circule em ti e te inspire.
Guarda-me no teu coração.
Farei com que os meus inúmeros e secretos filhos excelsos
digam palavras inspiradoras.
No tamanho do coração, no dom de esconjurar os malefícios,
não haverá na terra ninguém como os meus inúmeros e
secretos filhos excelsos.
Então, quando estiveres com muita força na morada terrestre,
inspirado pelas palavras-almas,
nada te alcançará com tanta força na morada terrestre,
nada contra a tua palavra-alma inspirada com muita força.»

Poemas Ameríndios, poemas mudados para português por Herberto Helder, Assírio & Alvim, 1997.


«Birdwatchers, seleccionado para a competição no Festival de Veneza, chama a atenção para a luta dos índios Guarani-Kaiowá do Brasil, cujas terras estão a ser destruídas para a produção de bio-combustíveis para automóveis e outros veículos.»

Herald Tribune

«[...] a questão era “como” fazer o filme, com que linguagem cinematográfica, com que estratagemas. Sabia que o problema principal seria escolher os actores que interpretariam aquelas histórias. Mas que actores profissionais poderiam fazê-lo? Depois encontrei a resposta a esta pergunta numa tarde, durante uma reunião com uma autoridade do governo: aqueles homens e mulheres indígenas que observavam enquanto falavam em voz alta com as autoridades de Brasília possuíam uma arte retórica sofisticada, sabiam falar num modo convincente, com grande controlo das palavras e do corpo. A partir daquele momento tive a certeza absoluta de que o filme existiria apenas se conseguisse tornar aqueles indígenas os seus protagonistas. Sem eles não faria sentido. A fim de confirmar aquela minha primeira intuição pedi a um jovem indígena de nome Osvaldo, da comunidade de Ambrósio, se lhe interessava ser actor num filme. Perguntou-me o que queria dizer ser actor num filme, e eu respondi-lhe que ser actor significava representar uma personagem, que tinha necessidade de aprender a recitar. Ele pensou nisso durante um segundo e respondeu-me “mas eu já recito todos os dias”. “E quando?”, perguntei: “Todos os dias, quando rezo” respondeu. Os seus rituais são representações “teatrais”, manifestações e diálogos com Nhanderu, o seu Deus. Recitar está presente na sua tradição milenar.»
Marco Bechis, realizador de Birdwatchers – A Terra dos Homens Vermelhos (fotos acima), em exibição numa sala perto de si.


Também na Assírio & Alvim: Colecção «Coisas de Índios»

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Assírio & Alvim no Chiado

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Inauguração no Chiado e Lançamento de Blackpot – HOJE

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terça-feira, 17 de novembro de 2009

«As Voltas de um Andarilho - Fragmentos da vida e obra de José Afonso» é lançado hoje ao fim da tarde

Viriato e Zeca (1980)
«Os Couple Coffee vão participar na sessão de lançamento d'As Voltas de um Andarilho, que se realiza dia 17 de Novembro, terça-feira, pelas 19 horas, no Museu da República e Resistência, em Lisboa. A apresentação do livro será feita pelo jornalista João Paulo Guerra.
O grupo de Luanda Cozzetti e Norton Daiello, que protagonizou um dos mais interessantes trabalhos de recriação de músicas de José Afonso (que resultou no CD Co'as Tamanquinhas do Zeca, ed. Transformadores, 2007), vai interpretar alguns temas do criador de "Maio Maduro Maio" durante a apresentação d'As Voltas de um Andarilho.
Publicada com a chancela da Assírio & Alvim, esta nova versão, corrigida e aumentada, do livro de Viriato Teles sobre José Afonso surge no mercado vinte e seis anos após a publicação do primeiro esboço, em forma de caderno de reportagem, e decorridos que são dez sobre a primeira publicação no formato actual. Além das prosas originais, esta edição inclui vários textos novos e uma discografia exaustiva das versões de temas de Zeca por outros intérpretes.
O lançamento d'As Voltas de um Andarilho decorrerá no auditório da Biblioteca-Museu da República e Resistência, na Rua Alberto de Sousa, 10-A (bairro do Rego, junto à Av. das Forças Armadas). A entrada é livre, sujeita à lotação da sala.»
Texto e imagem colhidos em http://andarilho.viriatoteles.net/

domingo, 15 de novembro de 2009

Coppola, Artaud, Vincent Gallo


«Embora a personagem interpretada por Vincent Gallo seja totalmente ficcional, Francis Ford Coppola e a sua equipa inspiraram-se em vários escritores famosos, sobretudo para determinar a personalidade e o olhar de Tetro. “Tetro é um homem criativo, um poeta, mas ele está infligido de dor, o que lhe dificulta exprimir-se, sendo essa a razão pela qual foi levado para um hospital psiquiátrico por um longo período”, explicou Cecilia Monti, a responsável pelo guarda-roupa no filme. No que diz respeito às características físicas da personagem, “pensámos num rosto longo e duro. Estudámos as vidas de vários artistas e ficámos interessados na cara de Antonin Artaud. Como Artaud, Vincent tem pele branca, olhos claros, e expressões fortes."»

Antonin Artaud na Assírio & Alvim: Heliogabalo ou o Anarquista Coroado (tradução de Mário Cesariny), 1991; Van Gogh - O Suicidado da Sociedade (tradução de Aníbal Fernandes), 2004; Eu, Antonin Artaud (tradução de Aníbal Fernandes), 2007.
Tetro, de Francis Ford Coppola, estreia na próxima quinta-feira, 19 de Novembro.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Traz outro amigo também

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Culinário 2010

Este Culinário foi feito com o prazer de quem deseja escolher o melhor, apesar de óbvias e reconhecidas dificuldades, dada a quantidade de opções existentes.
Sugere-se folheá-lo com frequência, parando aqui e ali e, de vez em quando, decidindo: é este prato que vou cozinhar. Convidar a família, os amigos e repetir esse prazer antigo de, à volta de uma mesa, durante e depois da refeição, cultivar afectos.
Procure-o na sua livraria. Se está em Lisboa, também pode encontrá-lo aqui ou na nossa livraria da Rua Passos Manuel, 67 b. Bom apetite!

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Peter Handke

É duração que acontece
quando, na criança,
que já não é criança nenhuma
– talvez já seja um ancião –,
volto a encontrar os olhos da criança.

A duração não existe na pedra
antiquíssima e eterna,
mas sim no transitório,
no que é brando e sensível.

Lágrimas da duração, tão raras!,
lágrimas de alegria.

Impulsos inconstantes da duração,
que não se podem pedir
nem numa prece implorar:
estais agora reunidos e articulados
para formar o poema.

Peter Handke, Poema à Duração [tradução de José A. Palma Caetano]

Peter Handke está hoje em Portugal, no âmbito do Estoril Film Festival.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Livros Assírio & Alvim... no Chiado

A partir das 19h00 de hoje, e até ao dia 31 de Dezembro de 2009, livros, livros e mais livros no Chiado. Livros mais baratos, livros esgotados, livros impossíveis de encontrar, livros de artista, livros de tiragem limitada, e ainda, postais, cartazes e outras surpresas. Um novo projecto temporário da Assírio & Alvim no Chiado, desta vez na Rua do Carmo, 35, loja 12 (antiga Bolsera). De segunda a sexta-feira das 12h00 às 19h00, e ao sábado das 10h00 às 19h00. Visite-nos.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

«Da morte livre»



«Começo pelas palavras. Desenterro livros já lidos. Vou atrás de um daqueles temas que nos perseguem, até que um dia os exorcisamos pela escrita.
[...]
Jean Améry, esse, ultrapassa toda a metafísica. Está aquém dela, como quem prepara serenamente a morte livre, escrevendo sobre ela (em 1976) como se estivesse já a «pôr a mão em si» (a suicidar-se com uma overdose de barbitúricos em 1978, num hotel de Bruxelas). Na abertura do seu livro, notável testemunho de uma morte anunciada, escreve: «Sou eu aquele que “põe a mão em si”, que morre depois de tomar barbitúricos, de os levar “da mão à boca”». O corpo assume a inevitabilidade da sua morte (não importa agora com que motivação, ou a partir de que causa), a consciência «cai em si» e traça a linha divisória entre morrer e escolher a morte. De um lado, é a morte que vem vindo e chama, e eu respondo e vou (passivamente, sem saber como). Do outro, é o agente (actor?) da morte livre que grita: «Vou saltar!». Age, é ele a falar, e a morte é a resposta. O salto é o salto para o abismo e para fora de toda a «lógica da vida» (é este momento antes do salto que, para Améry, «igualiza» todos aqueles que se decidem pela morte livre).

Ninguém que esteja «de fora» pode arrogar-se a pretensão de compreender, muito menos o direito de condenar, este salto do corpo para o além de si. Nem sequer aquele que o dá é senhor dele e o domina. «Nós somos o nosso corpo, não temos o nosso corpo», escreve Améry. Imagine-se esse «ser o corpo» em situações-limite. No limite, a mão age e o corpo, que ela não «tem», explode. É por isso que quem está de fora não pode entender o gesto livre da morte livre.»
Excerto de texto de João Barrento [ler todo AQUI]

terça-feira, 3 de novembro de 2009

«A Praia Formosa» — Lourdes Castro


A Assírio & Alvim, a Porta 33 e o Museu de Serralves convidam para
o lançamento do livro e a inauguração da exposição

Lourdes Castro
A PRAIA FORMOSA
photografias do meu avô Jacinto A. Moniz de Bettencourt
ilha da madeira

livraria assírio & alvim
dia 5 de Novembro 2009, quinta-feira, às 18h30
Rua Passos Manuel, 67 B, em Lisboa


segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Dobra — Lançamento


A Assírio & Alvim tem o prazer de o/a convidar para o lançamento de Dobra — Poesia reunida, de Adília Lopes, com apresentação a cargo de José Tolentino Mendonça. Amanhã, terça-feira dia 3 de Novembro, pelas 18h30, na livraria da Assírio & Alvim.
Esta será também a última oportunidade para visitar a exposição de obras e objectos da colecção de Adília Lopes, patente na galeria Assírio & Alvim apenas até amanhã.

domingo, 1 de novembro de 2009

António Sérgio - «a voz profunda»

«As visitas do Zé Pedro e principalmente do Kalu ao "Som da Frente" na Rádio Comercial nunca constituíram surpresa para mim, eram constantes depois da publicação do 79-82, e na altura mais dura de roer quando perderam o guitarrista ou ficaram sem editora. Foi nessa altura que percebi claramente que os Xutos, mais do que banda de rock, são uma autêntica unidade de combate: quando não tinham guitarrista e enquanto não aparecia outro, toca a fazerem-se à estrada em trio (apesar do Zé Pedro não ser um solista)... se não tinham editora, então vieram falar comigo para conhecer o modus operandi da indústria fonográfica para (imagine-se na altura) tentarem uma edição de autor.
Tudo acabou por se resolver, veio O Cerco com a Dansa do Som, depois o contrato com a Polygram, o trabalho com um produtor que também era músico (o Carlos Maria Trindade), o Circo de Feras, o êxito do Contentores, as tournées esgotadas e o culminar com o estrondoso (e fumarento) concerto do Pavilhão do Belenenses.
Por isso, quando após esta sucessão feliz de eventos voltei a ter uma visita do Kalu, aí sim fiquei surpreendido. E o que trazia ele na manga?
"Tu é que eras o gajo indicado para falar com a Ana Cristina e convencê-la a escrever o nosso livro. Afinal a malta já conseguiu quase tudo mas falta-nos ter um livro." O Kalu era um tipo atento, gostava muito de visitar Londres e sabia da quantidade de livros que existiam a contar as histórias de músicos, bandas, enfim a retratar dum certo modo mais arrumado as várias cenas musicais então existentes.
"Sabes, é uma fezada que eu tenho, oiço muitos textos da Cristina aqui no 'Som da Frente' e ela tem jeito." Também achava isso mesmo e logo que regressei a casa, não pude falar do recado do Kalu pois ela dormia mas escrevi um post it amarelinho com o pedido que me alegrara muito.
A Ana Cristina tinha qualidade, engenho e sensibilidade em tudo o que tinha feito para rádio, abordava com facilidade tópicos de natureza muito diferente. Acima de tudo tinha uma capacidade invulgar para transformar mesmo os temas mais "bicudos" em peças radiofónicas que captavam a "orelha" do ouvinte, abordando com facilidade tópicos de natureza distinta, enquadrando som e textos numa linguagem radiofónica própria e inovadora à época em Portugal no que se referia a música alternativa. Agora porém, surgia um novo desafio pois tratava-se de um livro.
Que eu reparasse não houve hesitações. A Ana é uma unidade à Xutos, pronta para a acção, para o combate aos atavismos, às incertezas, às dificuldades.
Quando escrevi o tal recado que coloquei na cabeceira da cama da Ana naquela noite, adormeci com uma dúvida na cabeça: como iria ela retratar e até recriar a cena musical de um país como o nosso?
O método utilizado consistiu em entrevistar os Xutos um a um e, depois em grupo de 2, 3, ou mais. Orientou as conversas, o q.b. para manter o foco e não cortar "a onda de memórias", e captou-as no gravador de cassetes Sony adquirido para o efeito. Daí resultaram intermináveis serões de captação em cassete, ao longo de muitos meses, em que o Tim, o Zé Pedro, o Kalu, o Gui e o menos palavroso Cabeleira contaram, entre gargalhadas e nostalgia mas sempre genuínos, as histórias mais pitorescas, mais ou menos picantes, com que se depararam ao longo de muitos anos de estrada. Sessões de trabalho mas acima de tudo de alegria e boa disposição.
Conhecendo a prática jornalística inglesa empregue em livros sobre grupos de rock e pop, invariavelmente figuras públicas de contornos comportamentais polémicos, como se iria contar uma (ou várias) histórias de músicos nossos amigos, com famílias próximas, até já com filhos, sem que o resultado fosse um imenso bocejo, caso se extirpassem as menções aos "berlaites", às "bubas", às noitadas, etc.
Essas dúvidas dissiparam-se face à puerilidade, à autoconfiança, afinal o carácter genuíno com que os Xutos debitaram para o gravador todo aquele quotidiano vivido no frenesim da estrada, afinal a sua razão de ser. Recentemente nas declarações de várias pessoas no 30º aniversário o Luis Montez afirmava num jornal diário que tinha conhecido nos Xutos "... a melhor malta do mundo". Percebemos o que ele queria dizer!
Mantendo a estratégia do trabalho de campo, a Ana resolveu em seguida entrevistar toda a gente (mas toda mesmo) que tivesse tido uma pontinha de contacto com eles... surgiram então o Pedro Ayres de Magalhães, o Ricardo Camacho, a Lola, o Paulo Junqueiro, o Pedro Lopes, o Vítor Silva, o José Wallenstein, enfim praticamente "todo o mundo" que tinha algo para contar, algo para opinar, qualquer coisa para celebrar e para fazer brilhar os olhos. Voltámos a perceber porquê!
Depois da gigantesca recolha e da morosa transcrição das conversas estarem concluídas, faltava arrumar aquilo tudo (e dou graças a Deus por não ter sido eu a fazê-lo). A Ana tinha tudo planeado, as peças do puzzle, por mais que variadas e de interligação difícil, encaixavam resultando num livro ágil, rápido e aliciante de se ler, digno duma banda de vivência nua e crua. Digno dos Xutos e Pontapés.
Porque se tratava não duma banda qualquer mas sim da maior banda de rock portuguesa, um punhado de músicos que munidos de inegável talento, com uma bagagem de canções notáveis e sempre capazes de comunicar com as sucessivas gerações de portugueses num simples piscar de olhos cúmplice, que pegaram a carreira de caras, cheios duma energia transbordante mas também com uma noção responsável de persistência, vinda de quem sabe que não há nem sucessos nem vitórias fáceis!
A crítica musical recebeu o livro Conta-me Histórias com apreço. Manuel Falcão considerou: "... um objecto de culto, a inauguração duma nova era do livro musical no nosso país". Pedro Rolo Duarte classificou-o como "um objecto Rock".
Para o saudoso Manuel Hermínio Monteiro, que tão sagazmente manteve a música em livro através da colecção Rei Lagarto, era uma vitória para a menina dos seus olhos... a Assírio & Alvim.
Para mim o maior motivo de orgulho é poder voltar às histórias dos Xutos neste Conta-me Histórias e ainda voltar a rir, voltar a ter gozo em relê-lo.
That's the stuff dreams are made of!
ANTÓNIO SÉRGIO
Fevereiro 2009
«Prefácio», Conta-me Histórias - Xutos & Pontapés, de Ana Cristina Ferrão.

sábado, 31 de outubro de 2009

Acaba hoje...



Aproveite a tarde radiosa e visite-nos. Esperamos por si até às 19h00.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Então a Voz


Então a voz passou por cima
do oceano
e era um som de vagas

o mesmo som ouvido nos verões
quando a luz sobre a pele
se transformava em água

Gastão Cruz, Os Poemas [1960-2006] - já disponível nas livrarias

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Zeca Afonso, por Viriato Teles

Já está nas livrarias uma nova edição, revista e actualizada, da obra de Viriato Teles sobre Zeca Afonso, agora com o título As Voltas de Um Andarilho - Fragmentos da vida e obra de José Afonso. O prefácio é de Sérgio Godinho.
«Mais de duas décadas já se passaram sobre o desaparecimento físico de José Afonso, e no entanto parece que foi ontem. Apesar disso, desde essa triste madrugada de Fevereiro de 1987, o mundo mudou como nenhum de nós podia então imaginar que mudasse. Desde o fim da União Soviética — que, nessa altura, quase todos nós ainda acreditávamos ser eterna ou, pelo menos, muito duradoura — até à unipolarização dos dias de hoje e à consequente submissão do mundo à vontade imperial da superpotência sobejante, tudo se tornou bem diferente do que poderia supor-se vinte anos atrás.
[…]
O mundo mudou imenso, de facto, nestes vinte anos. Mas não tanto que tenha feito com que as canções de José Afonso ficassem fora de moda ou se tornassem meros documentos de um tempo passado.»
Viriato Teles
«A música é comprometida quando o músico, como cidadão, é um homem comprometido. Não é o produto saído do cantor que define esse compromisso mas o conjunto de circunstâncias que o envolvem com o momento histórico e político que se vive e as pessoas com quem ele priva e com quem ele canta.»
José Afonso
«O Zeca era um génio. Não gosto de empregar esta palavra levianamente, no sentido norte-ou-sul-americano do termo. Somos todos geniais. Pois. Mas o Zeca era mesmo genial. E muito queria que isto não fosse um consenso, mas um dado adquirido. A diferença é subtil, mas fundamental. Porque o livro do Viriato dá a conhecer muito melhor o Zeca, e mais: dá vontade de ouvi-lo e gozá-lo e perceber como é que ele foi capaz de unir tantas referências numa obra criativa única. Um dado progressivamente adquirido, como eu gostaria que fosse a vida. Por breve que se progrida, por curta que para nós, felizes nós, tenha sido a vida dele.»
Sérgio Godinho
Mais informações aqui.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O Caminho dos Pisões, de M. S. Lourenço


Na próxima quarta-feira, dia 28 de Outubro às 18h30, na sala 5.2 da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, será lançada a obra O Caminho dos Pisões, de M. S. Lourenço, com a participação de Fernando Martinho, Miguel Tamen e João Dionísio.

Paralelamente, encontra-se aberta ao público, na Biblioteca Nacional, a exposição «O Sopro sopra onde quer», mostra bibliográfica de M.S. Lourenço. Esta exposição bibliográfico-documental pretende homenagear o escritor e tradutor, professor de Lógica e Filosofia da Matemática M. S. Lourenço, falecido no dia 1 de Agosto de 2009. A frase do título, o Sopro sopra onde quer, foi retirada do Evangelho segundo S. João (3, 8) e aparece citada sob a forma de mote por M. S. Lourenço ao longo do seu percurso intelectual. Centrando-se no início deste percurso, a exposição desenvolve-se sob o signo desta alusão bíblica sobretudo em dois sentidos.


Boa parte da criação literária de M. S. Lourenço entre 1956 e a primeira parte da década seguinte tem um cunho muito forte de meditação católica, reforçado pela experiência da Guerra Colonial. Numa carta incluída na presente mostra, escreve o autor: “só quero o Sopro por cima da minha cabeça rapada. Por isso o Negage e Nambuangongo são para mim iguais a Nova York ou Cuba”. Noutro sentido, o período abrangido pela exposição acha-se marcado pela constituição do seu pseudónimo Arquiduque Alexis Von Gribskoff, um aristocrata cujo brasão expõe precisamente o lema “Spiritus ubi vult spirat”.

A presente mostra cobre aproximadamente 10 anos, desde as primeiras experiências literárias de M. S. Lourenço e da colaboração no jornal Encontro até à saída de Portugal em 1965, para estudar Filosofia da Matemática em Oxford sob a orientação de Michael Dummett. A contextualização que se oferece das primeiras obras que assinou circunstancia a singularidade da sua criação intelectual.

E amanhã, dia 27 Out., pelas 18h00, não perca a oportunidade de fazer uma visita guiada pelos organizadores João Dionísio e Nuno Jerónimo.

sábado, 24 de outubro de 2009

Adília Lopes na Assírio & Alvim


Acaba de chegar às livrarias Dobra - Poesia reunida, de Adília Lopes, ocasião para recordar um dos seus dois poemas («de entre os 7200 que 918 autores nos enviaram») publicados, em 1984, no primeiro Anuário de Poesia - Autores não publicados, iniciativa da Assírio & Alvim que visava «criar um espaço editorial reservado aos poetas não conhecidos.»:
A CORRESPONDÊNCIA BIUNÍVOCA
A princesa tem um anel em cada dedo
tem um dedo em cada anel
tem mil anéis.
A princesa tem um sapato em cada pé
tem um pé em cada sapato
tem mil sapatos.
A princesa tem um chapéu em cada cabeça
tem uma cabeça em cada chapéu
tem mil chapéus.
A princesa tem apenas o estritamente necessário.
Espera a princesa o seu primeiro e milésimo filho?
Anuário de Poesia - Autores não publicados, 1984, p. 14.
Dobra - Poesia reunida, 2009, p. 65.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Um inédito de Dennis McShade [Dinis Machado]

Nas livrarias a partir de 5 de Novembro.

Hoje é o primeiro dia...




quarta-feira, 21 de outubro de 2009

«A Luz Fraterna» na Fundação Eugénio de Andrade, no Porto

(clique na imagem para a aumentar)

o Sopro sopra onde quer

«o Sopro sopra onde quer
M. S. Lourenço (1936-2009)
MOSTRA BIBLIOGRÁFICA - 12 a 31 Outubro - Sala de Referência / Biblioteca Nacional - Entrada livre

Esta exposição bibliográfico-documental pretende homenagear o escritor e tradutor, professor de Lógica e Filosofia da Matemática M. S. Lourenço, falecido no dia 1 de Agosto de 2009. A frase do título, o Sopro sopra onde quer, foi retirada do Evangelho segundo S. João (3, 8) e aparece citada sob a forma de mote por M. S. Lourenço ao longo do seu percurso intelectual. Centrando-se no início deste percurso, a exposição desenvolve-se sob o signo desta alusão bíblica sobretudo em dois sentidos.

Boa parte da criação literária de M. S. Lourenço entre 1956 e a primeira parte da década seguinte tem um cunho muito forte de meditação católica, reforçado pela experiência da Guerra Colonial. Numa carta incluída na presente mostra, escreve o autor: “só quero o Sopro por cima da minha cabeça rapada. Por isso o Negage e Nambuangongo são para mim iguais a Nova York ou Cuba”. Noutro sentido, o período abrangido pela exposição acha-se marcado pela constituição do seu pseudónimo Arquiduque Alexis Von Gribskoff, um aristocrata cujo brasão expõe precisamente o lema “Spiritus ubi vult spirat”.

A presente mostra cobre aproximadamente 10 anos, desde as primeiras experiências literárias de M. S. Lourenço e da colaboração no jornal Encontro até à saída de Portugal em 1965, para estudar Filosofia da Matemática em Oxford sob a orientação de Michael Dummett. A contextualização que se oferece das primeiras obras que assinou circunstância a singularidade da sua criação intelectual.

Dia 27 Out., às 18h00, visita guiada pelos organizadores João Dionísio e Nuno Jerónimo.»

[Informação colhida no site da Biblioteca Nacional de Portugal]
De M. S. Lourenço a Assírio & Alvim acaba de editar, e já está nas livrarias, a obra O Caminho dos Pisões (edição de João Dionísio). Preparada ainda em vida do autor, esta edição reúne a sua obra poético-literária.
Em breve daremos notícia do seu lançamento.