quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Mesa posta. Boas Festas

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quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Livros

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domingo, 20 de dezembro de 2009

Tigre Tigre, brilho em brasa

O Tigre

Tigre Tigre, brilho em brasa,
Que a floresta à noite abrasa:
Que olho eterno ou mão podia,
Traçar-te a fera simetria?
Em que longe lerna ou céus,
Arde o fogo de olhos teus?
Em que asas ousa ele ir?
Que mão ousa o fogo asir?
E qual ombro, & qual arte,
Pode os tendões do cor vergar-te?
Quando a bater teu cor se pôs,
Que atroz mão? que pé atroz?
Qual martelo? qual o grilho,
Foi teu cér'bro em que fornilho?
Que bigorna? que atra garra,
Teu mortal terror amarra!
Quando estrelas dardejaram
E com seu pranto os céus molharam:
Sorriu vendo o feito o obreiro?
Quem fez a ti fez o Cordeiro?
Tigre Tigre brilho em brasa,
Que a floresta à noite abrasa:
Que olho eterno ou mão podia,
Ousar-te a fera simetria?
William Blake, Canções de Inocência e de Experiência
Tradução de Jorge Vaz de Carvalho, Assírio & Alvim, 2009, pp. 88-89.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Chegou sem ser esperado...

«Chegou sem ser esperado, veio sem ter sido concebido. Só a mãe sabia que era filho de um anúncio do sémen que existe na voz de um anjo. Tinha acontecido a outras mulheres hebreias, a Sara por exemplo.
Só as mulheres, as mães, sabem o que é o verbo esperar. O género masculino não tem constância nem corpo para hospedar esperas. Sinto de novo a agravante de ignorar fisicamente a voz do verbo esperar. Não por impaciência, mas por falta de capacidade: nem mesmo durante as febres de malária me acontecia recorrer ao repertório das fantasias de me curar, de estar à espera de.»
Erri De Luca, Caroço de Azeitona, Assírio & Alvim, 2009, p.13.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

«Riscos são da Liberdade»

«É-me mais fácil dizer por escrito como me aproximei do continente que é O Sangue por um Fio. Por escrito sou mais exacta, mais precisa no que quero dizer. E neste pequeno grande livro, muitas coisas são ditas com uma exactidão e precisão de lâmina. Não posso, por isso, falar aos tropeções de uma matéria tão sensível. Uma advertência: não farei o que seria natural a uma admiradora antiga do Sérgio Godinho, que sou. Não farei uma incursão no universo das canções, não farei aproximações, não direi: isto também está nas letras de canções nas quais nos revemos, se revê o país, se reconhece um tempo. As letras que irão constar como "sentimento de uma nação" quando se falar do que é e sente um tempo e um povo.»


Texto de Anabela Mota Ribeiro que pode continuar a ler n'A Phala.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

«Os Passos em Volta», de novo nas livrarias

«Era uma vez um pintor que tinha um aquário com um peixe vermelho. Vivia o peixe tranquilamente acompanhado pela sua cor vermelha até que principiou a tornar-se negro a partir de dentro, um nó preto atrás da cor encarnada. O nó desenvolvia-se alastrando e tomando conta de todo o peixe. Por fora do aquário o pintor assistia surpreendido ao aparecimento do novo peixe.»

Herberto Helder, Os Passos em Volta, 2009 (1oª. edição, encadernada)

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Lançamento de «Evocação de Sophia»

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O Centro Nacional de Cultura e a Assírio & Alvim convidam-no/a para o lançamento do livro:

Evocação de Sophia, de Alberto Vaz da Silva,

com prefácio de Maria Velho da Costa e posfácio de José Tolentino Mendonça, que terá lugar no Centro Nacional de Cultura* no dia 16 de Dezembro, quarta-feira, às 18h30. Apresentam o livro
Guilherme d'Oliveira Martins e Maria Sousa Tavares.


* Centro Nacional de Cultura, Galeria Fernando Pessoa, Largo do Picadeiro, 10-1.º (porta ao lado do Café No Chiado)

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Lançamento do livro «Cataplana Experience»



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domingo, 13 de dezembro de 2009

«Vamos andando» e «Depois se verá»

«CURIOSAS FIGURAÇÕES
Um bom indício do modo como nos relacionamos com Portugal são as nossas autofigurações, as feitas e as por fazer. Quanto às feitas, reparemos em duas, uma popular e outra erudita.
A popular é certamente o Zé Povinho. Desde que Bordalo a pintou, foi constantemente reproduzida e encontramo-la em todo o lado. Mas que significa ao certo? Ignorância ou esperteza? De tudo um pouco, como se tem dito e escrito, em análises rápidas ou de maior fôlego. Mas é exactamente nessa indefinição que ela pode servir para caracterizar a relação que mantemos connosco próprios, ou com o país no seu todo. Coexistimos uns com os outros - e, cada vez mais, com os estrangeiros - em subalternidade e atraso ou em esperteza, razoável desconfiança e quase "retranca" galega?
A erudita encontra-se nos painéis de Nuno Gonçalves. Quando foram, também eles, "descobertos", logo atraíram como um íman uma atenção crescente e vivaz. Passou um século e continuam a olhar-nos, com aquelas dezenas de olhos que nos perscrutam e avisam, não sabemos bem de quê. Nunca uma obra de arte nos interrogou tanto, motivando sucessivas interpretações, tanto dela como nossas. Interpretações, aliás, que aparecem quase como urgentes, para decifrarem finalmente um enigma que é existencial e de nós todos. Como se Portugal se depreendesse dali, como "mensagem", para falar segundo Pessoa, ou como "navegação", para falar segundo Sophia...
Mais enigmaticamente - ou sintomaticamente - há autofigurações não feitas. Escolho uma, por de mais eloquente: estátua que nunca se colocou no pedestal do alto do Parque Eduardo VII. Fosse ou não para Nun'Álvares/Santo Condestável, tratar-se-ia sempre de um "umbigo de Portugal", quase como o de Delfos fora o do mundo. Detecta-se uma polémica em torno daquele lugar vazio, daquele pedestal agora desfeito. Como se já não tivéssemos figuração possível. Como se a relação com Portugal já não lhe encontrasse rosto.
Aqui chegámos, finalmente. Mais como interrogação do que como certeza. Vamos andando, apesar de tudo. E, muito à portuguesa, "depois se verá". O que também é já um grande saber de experiência feito.»
Manuel Clemente, Portugal e os Portugueses, Assírio & Alvim, 2008, pp.16-17.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Prémio Pessoa para Manuel Clemente


Manuel Clemente é o vencedor do Prémio Pessoa. «Em tempos difíceis como os que vivemos actualmente, D. Manuel Clemente [bispo do Porto] é uma referência ética para a sociedade portuguesa no seu todo», afirmou o júri.

Nasceu em Torres Vedras a 16 de Julho de 1948. É licenciado em História e Teologia e doutorado em Teologia Histórica. Em 1975 começou a leccionar na Universidade Católica Portuguesa, tornando-se depois director do Centro de Estudos de História Religiosa dessa instituição.
Em Junho de 1979 foi ordenado presbítero; vinte anos depois, em Novembro de 1999, foi nomeado Bispo Auxiliar de Lisboa, com o título de Pinhel, e em de Janeiro de 2000, ordenado na Igreja de Santa Maria de Belém (Jerónimos). Em 2007, o Vaticano nomeou-o Bispo do Porto.
Publicou, entre outras, as obras Nas origens do apostulado contemporâneo em Portugal. A Sociedade Católica (1843-1853) [UCP, 1993], Igreja e Sociedade Portuguesa do Liberalismo à Republica [Grifo, 2002] e História e Religião em Torres Vedras [Grifo, 2004].
Na Assírio & Alvim publicou Portugal e os Portugueses (2008) e 1810-1910-2010 - Datas e Desafios (2009).
«É habitual insistir-se na nossa infinita capacidade de adaptação, seja aonde for. Pergunto-me se não se trata antes do contrário. Se não devíamos falar até da impossibilidade de deixarmos de ser quem somos, tal a densidade interior que acumulámos. Não temos de nos adaptar por aí além, porque já temos dentro e acumulados os infinitos aléns que nos formaram. Aqui, neste recanto ocidental do continente, sedimentaram-se, milénio após milénio, os variados povos que, do Norte de África ou do Leste da Europa, tiveram forçosamente de parar numa praia que só no século XV se transformou em cais de embarque. Aqui chegaram outros, que depois vieram e continuam a vir das mais diversas procedências. Tanta gente em tão pouco espaço só pode espraiar-se numa geografia universal. Assim foi e assim é.»
[excerto do primeiro capítulo]

Em 1810 foi a 3.ª Invasão Francesa, derradeiro episódio duma guerra que pôs fim a muito do que Portugal fora até aí. Em 1910, a República, enquanto mudança de regime. Em 2010, confrontamo-nos com outros desafios. No entanto, a sua consideração religiosa e cultural é necessária. O presente volume junta uma parte do significativo avulso ensaístico do autor. A organização, da responsabilidade dos editores, expressa a hipótese seguinte: o texto inicial, que se destaca do conjunto por características talvez mais próximas da proposição, funciona como tese; os restantes ensaios ligam, adensam e debatem, com conhecimento e paixão invulgares, quanto ali é sugerido.

Dias Úteis, de Catarina Botelho / Amanhã no Chiado

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Amanhã, sábado, dia 12 de Dezembro, pelas 18h00. Lançamento do catálogo Dias Úteis de Catarina Botelho. Em paralelo com o lançamento do catálogo haverá uma projecção do vídeo de Renata Sancho e Catarina Botelho com o registo da exposição.

Na loja temporária da Assírio & Alvim ao Chiado (pátio do quarteirão do edifício da Nespresso, com entrada pela R. Garrett, 10 ou R. do Carmo, 29).

Edição Assírio e Alvim. Mecenas Fundação EDP. Apoio do vinho Vale d’Algares.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Poemas de Sérgio Godinho ao vivo

É hoje, às 18h30, no El Corte Inglés (Restaurante, Piso 7), em Lisboa. Apresentação de Anabela Mota Ribeiro. Leitura de poemas por Jorge Silva Melo e por Sérgio Godinho.
Obras de Sérgio Godinho na Assírio & Alvim: O Pequeno Livro do Medos [2000] (ilustrações de Sérgio Godinho), 55 Canções de Sérgio Godinho - Partituras, letras, cifras [2007], O Sangue Por Um Fio - Poemas [2009] (desenhos de Tiago Manuel). Sobre Sérgio Godinho: Retrovisor - Uma biografia musical de Sérgio Godinho [2006], de Nuno Galopim.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Encontro com... António Osório



«09 Dezembro 17h30 Auditório BNP Entrada livre

Dando continuidade ao programa Encontro com…, organizado conjuntamente pela Biblioteca Nacional de Portugal e pela Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas, a edição do quarto trimestre centra-se na personalidade e na obra de António Osório. A sessão conta com a presença do Escritor, as intervenções de Ana Marques Gastão e de Fernando Pinto do Amaral e a leitura de textos pelo actor Luis Lucas.

Nascido em Setúbal em 1933, o Escritor António Osório advoga em Lisboa. Bastonário da Ordem dos Advogados entre 1984 e 1986, administrou a Comissão Portuguesa da Fundação Europeia da Cultura e presidiu à Associação Portuguesa para o Direito do Ambiente. Foi director da revista Foro das Letras, da Associação Portuguesa de Escritores Juristas. Está publicado no Brasil e traduzido em inglês, francês, italiano, espanhol e catalão. Tem participado em recitais de poesia no país e no estrangeiro.

Desde 1954 colaborador de Anteu/Cadernos de Cultura, só em 1972 António Osório fez a sua estreia poética com A Raiz Afectuosa. Alinhada com a inspiração antiga (à semelhança de Sophia de Mello Breyner, de David Mourão-Ferreira ou de Ramos Rosa, também eles iluminados pela ascética claridade de Dante) já então a sua lírica se destacava da modernidade formalista que animou alguma poesia portuguesa das décadas de sessenta e setenta, vindo a desenhar, nas palavras de Eduardo Lourenço, “uma das nossas constelações poéticas mais inequivocamente originais”, “um canto enraizado no ritmo imemorial do coração” indutor da amorosa auscultação da realidade quotidiana e do “ser das coisas” que fidelizam a consciência de si.

Tendencialmente aforística a escrita deste autor lírico é discipular dos ritmos do hai-ku, da inscrição poética e do poema em prosa.

Principais publicações monográficas:

A Raiz Afectuosa, 1972; A Mitologia Fadista, ensaio 1974; A Ignorância da Morte, 1978; O Lugar do Amor, 1981; Décima Aurora, 1982 (Prémio Município de Lisboa, 1983); Adão, Eva e o Mais, 1983 (Prémio Município de Lisboa); António Osório por Eduardo Lourenço, antologia, 1984; Aforismos Mágicos, 1985; Planetário e Zoo dos Homens, 1990 (Prémio do Pen Club Português, 1991); Ofício dos Touros, 1991; Antologia Poética, 1994; Crónica da Fortuna, 1997; Bestiário, 1997; Aforismos Mágicos. D. Quixote e os Touros (reúne Aforismos Mágicos e Ofício dos Touros), 1998; Barca do Mundo I (reúne A Raiz Afectuosa e A Ignorância da Morte, 1999; Obra Poética II (reúne O Lugar do Amor e Décima Aurora), 2001; Casa das Sementes, 2006.»

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Sérgio Godinho - Poemas



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segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Tom Waits


Thomas Alan Waits nasceu a 7 de Dezembro de 1949, em Ponoma, pequena cidade na Califórnia do Sul. De ascendência escocesa, irlandesa e norueguesa, os pais, professores, eram admiradores de Gershwin, Cole Porter, Sinatra e Louis Armstrong e fervorosos leitores de boas histórias. Na adolescência ouvia os acordes de Bob Dylan na rádio e aprendeu a tocar piano e guitarra.
Waits descobre e aventura-se pelas obras de Jack Kerouac, Gregory Corso, Allen Ginsberg e outros cronistas da Geração Beat, com os quais se identifica muito e que constituíram as suas referências literárias.
Através de Herb Cohen entra no mundo da música e edita o seu primeiro álbum, Closing Time (1972), e o segundo, The Heart of Saturday Night, desde logo muito bem recebidos pela crítica, pelos seus originais jogos linguísticos, sons de swing e de jazz. As suas canções ilustram os sonhos dos marginalizados na cidade grande, ambientes urbanos decadentes de prostitutas, bêbedos e moças provincianas acabadas de chegar. Tudo isto se encaixa numa voz rouca de nicotina e álcool e um estilo musical que vai do jazz à polka, passando pelo folk.
Trabalhou com Francis Ford Coppola no filme Do Fundo do Coração e, em 1980, casou com Kathleen Breenann. Foi também compositor de muitas bandas sonoras para filmes como A Última Caminhada ou O Fim da Violência.
A voz rouca única, a atitude marginal singular, a poesia das letras do quotidiano e as composições inovadoras tornaram-no uma referência musical.


Nocturnos é título do livro de Tom Waits, magistralmente organizado por João Lisboa, que traduziu as letras e algumas das mais marcantes entrevistas deste brilhante nova-iorquino de voz rouca.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Lançamento do livro de William Blake


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Jazz

“O Villas-Boas era o jazz em Portugal. Tudo o que existe hoje foi ele que fez. Se não fosse ele, ainda estaríamos na pré-história do jazz.”
Bernardo Moreira (presidente do Hot Club)

“Foi uma pessoa que sempre me acompanhou e tinha um carisma especial e uma vontade de estar com os músicos e partilhar connosco as suas aventuras. Foi um pioneiro do jazz em Portugal. Uma força da natureza a contar histórias. Isso aproximou-me muito do mundo do jazz, numa altura em que eu tinha 16, 17, 18 anos.”
Bernardo Sassetti (pianista e compositor)

“Trabalhei com ele durante 15 anos, entre 1974 e 1988, no Cascais Jazz. Conheci-o na década de 1950, através do Gérard Castello-Lopes, um dos fundadores do Hot Clube. Foi ele que trouxe o jazz para Portugal. Foi ele que fez o primeiro programa de rádio sobre jazz, com o Artur Agostinho.”
Duarte Mendonça (produtor e promotor de jazz)

“Luís Villas-Boas era a pessoa mais importante do jazz em Portugal. Tinha um grande amor por aquela música, sem intuitos lucrativos. A mim ajudou-me com o seu entusiasmo e sempre me tratou muito bem. Acreditou em mim e deu-me trabalho, e assim pude dedicar-me inteiramente à música que eu amava.”
Maria João

“Foi o mais importante impulsionador do jazz em Portugal, numa época em que era muito mais difícil fazê-lo. Eu era pequeno e ainda não pensava em ser músico, já ele se dedicava ao jazz de forma desinteressada e apaixonada. O Cascais Jazz ficará para a história da música em Portugal como o único pulmão de uma música que era quase um sinal de liberdade.”
Mário Laginha
O Jazz Segundo Villas-Boas, de João Moreira dos Santos, Assírio & Alvim, 2007
Este é o fim-de-semana do regresso do Cascais Jazz. Bom fim-de-semana!

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Grande Prémio APE de Crónica atribuído a A.B. Kotter

Será hoje, pelas 18h00, a cerimónia de entrega do «Grande Prémio de Crónica APE / Câmara Municipal de Sintra».

O volume Bilhetes de Colares 1982-1998, de A. B. Kotter, pseudónimo de José Cutileiro, venceu este prémio por unanimidade, tendo o júri sido composto por Ernesto Rodrigues, José Manuel de Vasconcelos e Maria Augusta Silva.

A cerimónia de entrega do prémio decorrerá na Biblioteca Municipal de Sintra*, na Sala Vergílio Ferreira, a partir das 18h00.

* Rua Gomes de Amorim, 12; Sintra.

Ainda no Porto






Este livro surge como resultado da exposição Vicente, com pinturas de Ilda David’, inaugurada a 20 de Novembro de 2009, no Salão Nobre do Teatro Nacional São João (Porto), por sua vez concebida no âmbito da produção de Breve Sumário da História de Deus, estreada no mesmo dia.

«Não há dúvida de que o Breve Sumário da História de Deos cumpre o programa anunciado pelo Anjo, funcionando como “suma” ilustrativa da doutrina cristã sobre a História de Deus e do Homem.
Mas visto num âmbito mais geral, este auto acaba por servir também de base de sustentação a todo um ideário sobre o qual se constrói o Livro das Obras. Lendo a obra de Gil Vicente, no seu conjunto, apercebemo-nos, de facto, de que é este Homem originariamente tentado por Satanás que se mexe nas peças de Gil Vicente: é ele, afinal, quem veste as roupas do farsante enganado ou enganador, do pecador contumaz e alienado, à beira de entrar no batel do inferno; ao longo dos autos vicentinos, também encontramos os sucedâneos de Abel e de Job, os (pouco numerosos) seguidores de Cristo que rejeitam as glórias do Mundo e são acolhidos na barca do Paraíso. É afinal nestas faces e contra-faces da conduta humana que assenta a condição moralizante do teatro vicentino, fazendo dele uma espécie de Pregação. E embora se saiba que essa Pregação pretendeu intervir essencialmente no seu próprio tempo, não pode ignorar-se que nela estão contidas potencialidades estéticas e ideológicas que largamente excedem os seus limites.»
José Augusto Cardoso Bernardes, in «Posfácio»
Mais informações sobre o Auto e a Exposição AQUI.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Lançamento no Porto


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